segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Solidariedade de classe - NOTA DO MST


SOBRE O ASSASSINATO DO TRABALHADOR ELTON BRUM PELA POLÍCIA MILITAR A SERVIÇO DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:

1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.

2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.

3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.

4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.

5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.

6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem a público elogiar a ação criminosa da Brigada Militar "como profissional".

7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos (OEA). A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e à democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.

8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel (RS).

Exigimos Justiça e Punição aos Responsáveis!
Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio.
Toda uma vida de luta!
Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!


MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA.



Extraído do BLOG: Diário GAUCHE.




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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

É PRECISO PERDER A PACIÊNCIA!

Até quando vamos nos submeter às condições aviltantes no trabalho, com salários medíocres que não dão nem para manter a vida de forma decente?

Somos forçados a nos submeter às regras rígidas dos patrões com metas na produção para além da nossa capacidade física gerando desconforto, sofrimento e dor. Inflamações nos tendões, nas articulações, depressão, angústia e sofrimento mental são decorrentes das relações de repressão nos locais de trabalho.

O trabalho virou sacrifício, um fardo penoso com ritmos alucinantes impostos pelo tempo controlado rigidamente pelo patrão.

Mas o trabalho adquire um caráter de sofrimento principalmente porque toda a riqueza como resultado final de todos os esforços é apropriado de forma privada e individual pelo patrão.

Todo o esforço do trabalhador, seu suor, explosão muscular, sua vida esvaída e drenada para dar vida às mercadorias. As mercadorias adquiriram vida própria no mundo dos negócios, enquanto o trabalhador virou objeto para o patrão; objeto descartável: não está bom, troca; está doente, pega outro; está ganhando muito, troca por outro por menos valor.

Definitivamente é preciso perder a paciência! Já passou da hora disso acontecer...


OPERÁRIOS SUL-COREANOS PERDEM A PACIÊNCIA.

A polícia da Coréia do Sul afirma que pelo menos 50 pessoas ficaram feridas em mais uma tentativa de expulsar 500 operários que ocupam a fábrica da Ssangyong Motors, em Pyongtaek, desde 22 de maio. Os operários protestam contra as demissões na fábrica, que faliu em fevereiro.

Cerca de 100 policiais tentaram invadir a fábrica. Os operários resistiram com as próprias ferramentas e expulsaram os policiais. Os feridos são em maioria policiais e a segurança privada contratada pela Ssangyong. Cerca de 4 mil policiais cercam a fábrica, mas os trabalhadores resistem.



OPERÁRIOS SUL-AFRICANOS PERDEM A PACIÊNCIA.

Cerca de 10 mil profissionais ligados a dois sindicatos do setor de transporte cruzaram os braços por um aumento de 9% nos salários (como é bom ter um sindicato que mobiliza a categoria, não é mesmo?).

Uma outra greve por aumento de salários, desta vez de 150 mil servidores municipais sindicalizados, interrompe a prestação de serviços básicos, como a coleta de lixo e a limpeza das ruas, em vários municípios.

Também 45 mil empregados do setor químico e energético que decidiram manter paralisação até que lhes ofereçam um reajuste mínimo de 10% de seus vencimentos.

As greves ainda podem ganhar a adesão de funcionários da SABC, a TV pública e da Telkom, a telefônica estatal. Servidores das duas empresas disseram que pararão se não ocorrerem mudanças nos salários, nas administrações das companhias em relação a possíveis demissões.

No começo do mês de julho, os operários que trabalham na construção dos estádios que abrigarão os jogos da Copa do Mundo de 2010 já tinham cruzado os braços. A paralisação, que durou uma semana, ameaçou atrasar a entrega dos campos.

A onda de greves na África do Sul se insere num panorama de desemprego, inflação alta e prestação deficiente de serviços básicos nas áreas mais pobres do país.



OPERÁRIOS CHINESES PERDEM A PACIÊNCIA.

Os trabalhadores da estatal Tonghua, do ramo siderúrgico, que ia ser privatizada, atiraram pela janela o diretor que foi até lá comunicar a conclusão do negócio e a demissão de 25 mil dos 30 mil trabalhadores. O diretor Chen Guojun, antes de ser arremessado pela janela do segundo andar, foi espancado pelos trabalhadores, que depois também enfrentaram a polícia. A agência de notícias Nova China anunciou que a privatização foi cancelada para evitar o agravamento da situação.





GREVES NO BRASIL – TRABALHADORES COMEÇAM A PERDER A PACIÊNCIA E VÃO À LUTA EM TODO O PAÍS.

Aconteceram 411 greves em 2008 no Brasil, o maior índice de paralisações dos últimos quatro anos. Em 2004, os trabalhadores de empresas privadas fizeram 114 greves, número que em 2008 saltou para 224. No setor público, o número de paralisações manteve-se praticamente estável, de 185 em 2004 para 184 em 2008. Cerca de 2 milhôes de trabalhadores cruzaram os braços.

Uma das explicações para o crescimento no número de paralisações foi o forte crescimento econômico observado nos três primeiros trimestres do ano passado, proporcionando aos trabalhadores um contexto favorável para reivindicar melhores condições de trabalho e remuneração.

As principais reivindicações de 2008 foram reajuste salarial, plano de cargos e salários e carreiras, condições de trabalho, contratações, cumprimento de acordo e piso salarial. Nas empresas privadas, 80% das greves tiveram bons resultados.

O número de greves em 2009 deverá se aproximar ao de 2008. Até junho de 2009, já ocorreram cerca de 250 greves. O balanço de reajustes negociados em 2009 indica que, comparado a 2008, mais categorias conseguiram pelo menos a reposição da inflação.




Extraído e editado a partir do informativo da CAMPANHA SALARIAL UNIFICADA 2009 dos Sindicatos dos Plásticos de Novo Hamburgo, Campo Bom, São Leopoldo e Montenegro, Sapateiros de Novo Hamburgo e bancários do Vale do Caí.
Esta campanha e as entidades recebem o apoio e a solidariedade de classe do SIMCA (Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha) e da Oposição Metalúrgica de Gravataí.


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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO.

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Ele que erguia casa
onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
ele subia com as casas
que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
de sua grande missão:
não sabia, por exemplo,
que a casa de um homem é um templo,
um templo sem religião.
Como tampouco sabia
que a casa que ele fazia,
sendo a sua liberdade,era a sua escravidão.


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De fato, como podia
um operário em construção
compreender como um tijolo
valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
com pá, cimento e esquadria.
Quanto ao pão ele comia.
Mas fosse comer tijolo...

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E assim o operário ia,
com suor e com cimento,
erguendo uma casa aqui,
adiante um apartamento;
além uma igreja, à frente
um quartel e uma prisão:
prisão de que sofreria
não fosse eventualmente
um operário em construção.



Mas ele desconhecia
esse fato extraordinário:
que o operário faz a coisa
e a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia,
à mesa, ao cortar o pão,
o operário foi tomado
de uma súbita emoção
ao constatar assombrado
que tudo naquela mesa
- garrafa, prato, facão –
era ele quem os fazia!
Ele, um humilde operário,
um operário em construção.

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Olhou em torno: gamela,
banco, enxerga, caldeirão,
vidro, parede, janela,
casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
era ele quem o fazia!
Ele um humilde operário
um operário que sabiaexercer a profissão.


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Ah! homens de pensamento,
não sabereis nunca o quanto
aquele humilde operário
soube naquele momento!
Naquela casa vazia
que ele mesmo levantara,
um mundo novo nascia
de sequer suspeitava.
O operário emocionadao
olhou sua própria mão
sua rude mão de operário,
de operário em construção.
E olhando bem para ela
teve um segundo a impressão
de que não havia no mundo
coisa que fosse mais bela.





Foi dentro da compreensão
desse instante solitário
que, tal sua construção,
cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo,
em largo e no coração.
E como tudo que cresce,
ele não cresceu em vão.
Pois além do que sabia
- exercer a profissão –
o operário adquiriu
uma nova dimensão:
a dimensão da poesia.




E um fato novo se viu
que a todos admirava:
o que o operário dizia
outro operário escutava.
E foi assim que o operário
do edifício em construção
que sempre dizia sim
começou a dizer NÃO!
E aprendeu a notar coisas
a que não dava atenção:
notou que sua marmita
era o prato do patrão,
que seu macacão de zuarte
era o terno do patrão,
que o casebre onde morava
era a mansão do patrão,
que seus pés andarilhos
eram as rodas do patrão,
que a dureza do seu dia
era a noite do patrão,
que sua imensa fadiga
era amiga do patrão.



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E o operário disse: NÃO!
E o operário fez-se forte
na sua resolução.


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Como era de esperar
as bocas da delação
começaram a dizer coisas
aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
nenhuma preocupação.
- “Convençam-no do contrário” –
disse ele sobre o operário.
E ao dizer isso, sorria
.


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Dia seguinte, o operário
ao sair da construção,
viu-se súbito cercado
dos homens da delação.
E sofreu, por destinado,
sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido,
teve seu braço quebrado,
mas quando foi perguntado
o operário disse: NÃO!



Em vão sofrera o operário
sua primeira agressão.
Muitas outras se seguiram,
muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
ao edifício em construção,
seu trabalho prosseguia
e todo seu sofrimento
misturava-se ao cimento
da construção que crescia.




Sentindo que a violência
não dobraria o operário,
um dia tentou o, patrão
dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
ao alto da construção
e num momento de tempo
mostrou-lhe toda a região.
E apontando-a ao operário
fez-lhe esta declaração:
-“Dar-te-ei todo esse poder
e a sua satisfação
porque a mim me foi entregue
e dou-o a quem bem quiser.
Dou tempo de lazer,
dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
será teu se me adorares.
E, ainda mais, se abandonares
o que te faz dizer não.”




Disse e fitou o operário
que olhava e refletia.
Mas o que via o operário
o patrão nunca veria.
O operário via as casas
e dentro das estruturas
via coisas, objetos,
produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia o lucro do patrão.
E em cada coisa que via
misteriosamente havia
a marca de sua mão.
E o operário disse: NÃO!


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-“Loucura!”- gritou o patrão.
“Não vês o que te dou eu?”
-“Mentira!”- disse o operário.
“Não podes dar-me o que é meu.”


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E um grande silêncio fez-se
dentro do seu coração.
Um silêncio de martírios
um silêncio de prisão
um silêncio povoado
de pedidos de perdão
um silêncio apavorado
como o medo em solidão
um silêncio de torturas
e gritos de maldição
um silêncio de fraturas
a se arrastarem no chão.





E o operário ouviu a voz
de todos os seus irmãos.
Os meus irmãos que morreram
por outros que viverão.
Uma esperança sincera
cresceu no seu coração
e dentro da tarde mansa
agigantou-se a razão
de um homem pobre e esquecido.
Razão porém que fizera
em operário construído
o operário em construção.


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VINÍCIUS DE MORAES. _______




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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os trabalhadores não vão pagar pela crise!




Paralisações do dia 1º de abril de 2009 da Honda, Toyota, Samsung-Costech-Cellcomm em defesa do emprego, de salário e direitos.

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Em todo o mundo, os trabalhadores estão se organizando para enfrentar os efeitos da crise e as tentativas de empresários e governos de jogarem nas costas dos trabalhadores o preço da crise.

No mundo todo, os patrões se aproveitam deste momento para tentar retirar direitos e reduzir salários.Mas também no mundo todo, os trabalhadores estão organizando a resistência. Na França, já está sendo deflagrada a terceira greve geral.

Aqui no Brasil, teve início nesta semana, uma série de mobilizações por todo o país.



(Clique na imagem abaixo e ssista o vídeo no Youtube)



Na nossa região, o dia 1º de abril foi marcado por paralisaçãos em importantes empresas, como a Honda (e LSL), Samsung, Costech, Cellcomm e Toyota (paralisação de três horas na produção do 1º turno). No total, 9 mil trabalhadores entenderam a importância da organização neste momento e paralisaram a produção, mostrando aos patrões que não aceitaremos pagar o preço da crise que foi criada por eles.

Na paralisação da Samsung, os trabalhadores aprovaram em assembléia uma passeata até a Rodovia Dom Pedro I, que ficou parada por cerca de 10 minutos.




Texto e vídeo extraídos do site do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região no estado de São paulo.




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